Giovanni Marini comenta sobre drenagem, limpeza urbana e cidades inteligentes
Secretário executivo de saneamento e limpeza urbana da Seinfra detalha ações contra alagamentos e o uso de tecnologia para tornar a capital uma cidade mais limpa e inteligente
REDAÇÃO – O Plenário recebeu Giovanni Bruno Souto Marini, secretário executivo de saneamento e limpeza urbana da Seinfra, geógrafo, professor, pesquisador e vocalista de uma banda de hardcore há 25 anos. Apaixonado por planejamento urbano, ele contou como a experiência acadêmica e em consultoria ajudou a organizar uma das pastas mais desafiadoras da administração municipal, responsável por drenagem, limpeza urbana, cemitérios, mercados e fiscalização de posturas.
Ao longo do episódio, Giovanni explicou como ferramentas de gestão, como a matriz GUT (gravidade, urgência e tendência), vêm sendo usadas para definir prioridades: da escolha de quais bocas de lobo desobstruir primeiro até a organização das equipes em campo. O resultado, segundo ele, já aparece nos números: em 10 meses, a prefeitura desobstruiu cerca de mil bocas de lobo, contra aproximadamente 320 em todo o ano anterior, e retirou em torno de 100 mil toneladas de entulho das ruas da cidade.
Na área de drenagem, o secretário destacou intervenções em pontos históricos de alagamento, como a Jorge Teixeira com Dom Pedro, a Rio de Janeiro e o entorno do Skate Park, onde obras de desobstrução e redesenho da drenagem reduziram lâminas d’água e aceleraram o escoamento após chuvas intensas. Giovanni lembrou que Porto Velho tem cerca de 66% da área urbana com menos de 1% de declividade, o que dificulta o escoamento, e apresentou soluções inspiradas no urbanismo contemporâneo: jardins de chuva, biovaletas e outras formas de infraestrutura verde que captam a água onde ela cai, desafogando o sistema convencional.
O episódio também detalha medidas de educação ambiental e fiscalização. Giovanni contou que o valor das multas para descarte irregular de lixo e terrenos baldios sujos foi reajustado, podendo chegar a R$ 33 mil para quem joga resíduos em locais proibidos e até R$ 52 mil para donos de terrenos abandonados. Paralelamente, a prefeitura ampliou as notificações e hoje monitora cerca de 700 terrenos em 10 meses, associando limpeza, fiscalização e campanhas educativas em escolas e bairros, com apoio de um núcleo de educação ambiental criado dentro da própria secretaria.
Entre as inovações apresentadas, estão os eco-bueiros (cestas instaladas dentro das bocas de lobo para reter resíduos), as eco-barreiras em igarapés para conter lixo flutuante e o Limpômetro, ferramenta digital que permitirá à população acompanhar, em tempo quase real, quais ruas foram varridas, quais bocas de lobo foram desobstruídas e quantos quilômetros de vias e canais receberam serviços de limpeza. A tecnologia, desenvolvida em parceria com a Secretaria Municipal de Tecnologia, também vai apoiar o planejamento interno, indicando, por exemplo, quais bairros demandam mais retornos das equipes.
Giovanni ainda comentou a fiscalização da coleta de lixo, hoje feita por uma comissão permanente com fiscais dedicados a acompanhar rotas, GPS dos caminhões, distritos urbanos e rurais, containers e a disposição final adequada em aterro. Em meio a disputas judiciais envolvendo empresas, ele garantiu que a prioridade é manter a coleta regular e reforçou que a fiscalização atua em regime ampliado, inclusive de madrugada, fins de semana e feriados.
Ao tratar do futuro, o secretário mencionou a captação de R$ 200 milhões em recursos do PAC para obras estruturantes e disse acreditar que, em quatro anos, será possível resolver boa parte dos pontos críticos de alagamento na cidade, combinando grandes obras, infraestrutura verde e uma “gestão compartilhada” com a população.
“Porto Velho está diferente. A cidade está mais limpa, e isso é gestão, tecnologia e um pacto com as pessoas. A prefeitura limpa a rua, mas a calçada é do morador. É uma responsabilidade dividida”, resume Giovanni.